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“A fotografia morreu!”. Concordo com o Clício.

Na semana que passou, discutimos justamente isso durante meu workshop de 5 dias no Rio de Janeiro.

O amigo e fotógrafo Clício Barroso, conseguiu explanar, de forma objetiva mas fantástica, em um belo texto em seu Facebook, a morte da fotografia.

Confira o texto.

“A fotografia morreu. Viva a fotografia!
Todas, mas todas as categorias de fotografia chamadas técnicas ou aplicadas, estão com seus dias contados. A exemplo do que aconteceu com a publicitária, categorias como a documental, de catalogação, aerofotogrametrista, científica, policial, não são mais eficientes sem automação e máquinas inteligentes. Google faz, por exemplo, a maior operação de catalogação e documentação da história, inclusive aérea, e sem fotógrafos. GoPros podem acompanhar autópsias junto com mini-câmeras endoscopistas, controladas por pequenos robôs. Anunciantes de produtos como automóveis preferem a realidade do 3D à inconsistência e humores de fotógrafos.
Câmeras são muito mais bem preparadas tecnicamente que pessoas, e questões como fotometria e profundidade de campo já estão resolvidas de fábrica. Faz muito mais sentido usar o dial “P” de profissional que o “M” de mané.
A boa notícia é que câmeras não se emocionam, não interpretam anseios, sonhos ou incongruências sociais; pessoas sim.
A única fotografia possível, portanto, é a pensada, a emocionada, a apaixonada; a fotografia técnica só precisou existir enquanto aprendia a andar com as próprias pernas.”
Clício Barroso

PS: As fotos abaixo exemplificam de alguma forma o que foi dito pelo Clício. Elas foram feitas por uma criança de 6 anos com uma câmera G12 no modo automático. Neste caso, pela minha filha Juju que foi também a responsável pela pós produção das mesmas no seu instagram @juju__matos através de filtros preestabelecidos.

Comentários

O talento não morrerá jamais

A pressa atropela o bem feito. Quantas vezes já não ouvi “Para que tanta demora, aperta o botão ai!”.
Alem do olhar profissional de cada um, as vezes penso que os fotógrafos de verdade terão de voltar para a fotografia analógica.
Dai sim quero ver esses fotógrafos de instagram se vangloriar por presets.

desculpe os erros graficos e de acentuacao. teclado novo, correria na escrita… esta aí o resultado.

Sim! Certamente que sim! Concordo plenamente com o Clicio.
Sob tal otica, a fotografia vem orrendo desde que se popularizaram as cameras digitais , e estas evoluiram proporcionando a qualqer pessoa, infinitos recusos.
Nasci numa geracao de fotografos de pelicula , apesar de ter me dedicado a fotografia, quando as digitais já estavam dominando tudo. E ao longo de muitas leituras e experiencias no campo, como pesquizadora ( quando ainda exercia a profissao de socióloga), feui notando como qualquer pessoa, ateé com a mais alta ou rasa intelectualidade cultural, via nestas “facilidades” das imagens digitais, um meio de menosprezar a qualificacao e a humanidade inerente ao fotografo.
As pessoas pararam de pensar e agir como pessoas “humanas”, para abraçarem o automatismo, sem vida e sem emoçao.
Agoram, como este é um processo irreverssivel, resta a todos nós o lamento por tudo descrito pelo Clicio.

Quem sabe não estamos vendo a morte do fotógrafo? Afinal, o que seria da fotografia sem o SER HUMANO que dá a ela a existência seja pela imaginação, ou mesmo pela pesquisa científica que leva à elaboração e construção das altas tecnologias, e ainda, diante da escolha do instante do clique fotográfico?
Gosto de refletir sobre… o quanto NÓS fotógrafos somos, constantemente, reificados diante de nossos próprios equipamentos. Enfim, Diante da constatação da morte da fotografia torna-se urgente falar do desaparecimento dos fotógrafos. É quando chamo para a conversa o pensamento de W.Benjamin diante da eminente baixa das experiências: “É a experiência de que a arte de narrar está em vias de extinção. São cada vez mais raras as pessoas que sabem narrar devidamente. É cada vez mais frequente que, quando o desejo de ouvir uma história é manifestado, o embaraço se generalize. É como se estivéssemos sendo privados de uma faculdade que nos parecia totalmente segura e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências” (O Narrador, 1931). Ora, cresce a impossibilidade de contar histórias e consequentemente cresce o vazio de significados e de experiências sensíveis com a imagem! Aonde está o fotógrafo, aonde está o narrador?

Achei muito legal esta colocação do Clício.
No fim das contas, voltamos a era onde é preciso de fato pensar antes de clicar. Ouvi de um amigo fotógrafo tb que a fotografia vai se diferenciar quando estivermos diante de um trabalho composto por fotografias. um ensaio que nunhum computador fará, pois exige sensibilidade, formação diante do mundo, sentimento.

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