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Como fotógrafo documental de família, meu mais novo rótulo, se é que posso me chamar assim, tenho pensado em uma questão, para mim fundamental, no que tange o meu trabalho.

O fato é que não me emociona tanto, a ideia  de fotografar famílias no Doriana Style. Aquele esteriótipo de família onde todos estão impecáveis, em que a casa está sempre mega organizada, brilhando e  as crianças sofrem a ditadura do sorriso a qualquer custo.

Não vou negar que muitas dessas fotos,  são esteticamente belas mas essa hoje não tem sido a minha principal prioridade. Sinto a necessidade de ir além. Quando decidi me dedicar mais a fotografia de família, imaginei que pudesse ir além da estética. Na minha humilde visão, meu papel hoje é proporcionar a comunhão entre a estética e a memória buscando MAIS VERDADE.

Acredito que o planeta vive a era da esquizofrenia estética,  o que as vezes acho bem complicado. As famílias estão cada vez mais “bonitas na foto”  enquanto as imagens se tornam cada vez mais vazias. É claro que eu estou generalizando e que tem alguns fotógrafos fazendo um belo trabalho. Infelizmente a minoria (minha opinião pessoal).

Ninguém é feliz ou triste todo o tempo. Nem todas as crianças querem sorrir para fotos. Hoje, faz mais sentido pra mim registrar como SÃO as famílias e não como ESTÃO as famílias. Acredito que ao mostrar sua essência minha contribuição se torna mais preciosa. E por fim acredito poder mostrá-las de forma estética, bem na fita, e ao mesmo tempo com um viés menos superficial.

Na semana passada passei um dia da minha vida com o Davi e sua mãe Janice. O Davi é autista e confesso que fiquei ansioso por se tratar da primeira vez fotografando um portador de TEA – transtorno do espectro autista. Achei que eu não fosse me conectar a ele facilmente, expectativa longe da realidade. Brincamos, conversamos, rimos e gritamos. O Davi me falou da sua paixão por caramujos e máquinas de lavar roupas. Fomos a terapia juntos, na casa de sua avó, passamos algumas horas no iPad quando ele não queria conversa e por fim fomos ao ortodontista, sua tia Renata que colou aparelho nele.

Eu confesso que a cada ensaio documental de família eu vejo que além das memórias geradas, vivo experiências únicas que enriquecem o meu currículo de vida, me ensinam muito e fazem de mim um ser humano mais feliz.

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